A grande parada
Você está passando por um daqueles raros períodos da vida. Você está se dando bem com todo mundo, gostando do seu trabalho, perdendo peso e se alimentando melhor quando, de repente, da um jeito daqueles na coluna realizando algo simples como levantar uma cadeira.
Mais tarde naquele dia, suas costas estão muito ruins e no dia seguinte você sente um pouco de dor nas pernas também. Agora você está preocupado. Cinco dias depois, você consulta seu médico e faz uma ressonância magnética da coluna lombar. Disseram que uma hérnia de disco é o seu problema.
Bem-vindo à grande parada.
Dependendo do profissional que você consultar, seu tratamento será diferente. Nesse ponto, todos seguem um caminho diferente. Talvez seu médico recomende fisioterapia. O clínico geral pode recomendar o tratamento da dor. Se você vir ortopedista, coletes podem ser indicados, se consultar um cirurgião, já sabe...
Vamos seguir um caminho como exemplo.
Você é enviado para fisioterapia. Você conhece seu terapeuta e ele deixa você impressionado com o cuidado e o plano para o seu caso. Ele já tratou com sucesso muitos pacientes com hérnia de disco. Eles não precisaram de injeção ou cirurgia e voltaram ao estilo de vida anterior após várias semanas de tratamento.
O que ele não fez foi ver a sua ressonância magnética, somente leu o laudo. O clínico geral que enviou você ao fisioterapeuta também não olhou as imagens, apenas o laudo da ressonância magnética. Ambos os profissionais os confiaram no relatório da ressonância magnética. A ressonância magnética foi elaborada por um radiologista. O problema é que você não tem ideia do quanto é confiável esse radiologista (infelizmente muitos laudos são CTRL+V). Como não há padronização na terminologia, o relato de uma hérnia de disco significa muito pouco. Além disso, hérnias de disco são achados comuns em ressonâncias magnéticas feitas em pessoas sem sintomas. O que um radiologista chama de hérnia de disco, outro pode chamar de disco degenerado ou protusão do disco.
Voltemos ao fisioterapeuta novamente.
Provavelmente, o fisioterapeuta aplicará o tratamento que prefere começar. Existe alguma literatura científica para apoiar este ponto de partida? Talvez o terapeuta decida usar uma terapia direcionada à hérnia de disco. Não seria bom ter mais detalhes sobre a hérnia de disco? Por exemplo, uma hérnia de disco extrusa deve ter um tratamento diferente de uma hérnia de disco protusa. Mas lembre-se, o terapeuta não viu a ressonância magnética - apenas o laudo.
Você não obteve resultados na fisioterapia e agora está em consultórios de tratamento da dor. O médico responsável pelo tratamento da dor está recomendando uma infiltração. Existem também chance desse outro profissional não ter visto as imagens, somente confiou no laudo.
Eu acho que você já entendeu meu ponto.
Aqui estão os problemas que verifico:
O tratamento que você recebe depende de quem você vê e não do que você realmente tem.
O que você "tem" é "melhor" representado pelo laudo de um radiologista que nunca o viu e não te examinou. (Sempre achei esquisito. Você concorda?)
Mesmo que os profissionais pudessem unir a história e o exame, não há evidências científicas que sugiram o “melhor” tratamento (cada pessoa é única).
Como vivemos em um mundo em que as pessoas precisam sair com algo do consultório, geralmente medicação, injeções e técnicas diversas são utilizadas sem a devida necessidade.
Depois de iniciar sua busca pelo tratamento da dor nas costas, é essencial saber o que está havendo com seu problema. O tratamento costuma ser um processo, e não um único evento. Claro, o principal responsável pela sua recuperação é você!
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